Eliana Caminada
26 de junho às 23:08 · Rio de Janeiro
Hoje quero dizer algumas palavras sobre duas grandes mulheres: Ana Botafogo e Cecília Kerche.
Ana e Cecília são bailarinas diferentes, personalidades diferentes, mas estão unidas pelo respeito mútuo, pelo imenso amor à dança e à companhia a qual pertencem e dirigem, pela lição de ética e cidadania que transcende o artista e envolve a própria cidadania no amor ao seu ofício. Sim, cidadania na construção de suas lindas carreiras e no exemplo que dão a todas as gerações de devoção à dança.
Nós as conhecíamos como performers, como mensageiras do ballet como uma arte eterna, mas agora temos que lhes agradecer pelo lado administrativo, gerencial de uma companhia de ballet.
Com mais esta magnífica temporada elas revelam o quanto de preparo possuem para estar à frente da mais importante companhia de ballet de repertório do Brasil. Nada lhes falta, exceto dinheiro, mas competência supera tudo e isso ambas têm de sobra.
Parabéns pela condução de um Lago dos Cisnes integralmente remontado, ensaiado e estrelado com brasileiros, incluindo aí Gisele Santoro, pela superação dos inúmeros problemas que enfrentam, alguns absolutamente desnecessários, pela capacidade de conceder o título de primeiros-bailarinos aos que já o eram, de fato, mas não de direito, pela ousadia de pinçar e apresentar como primeira-bailarina uma moça que entrou outro dia na companhia.
Pensei que é preciso coragem, uma coragem que muitas vezes faltou a nossos diretores, mas acho que é mais do que coragem, é olho clínico, é bagagem, é experiência, é fé na nossa capacidade de sempre ressugir de crises e falta de verbas. Vocês mostram que é possível sim, trabalhar, desde que se queira, desde que por amor, sem patrocínios milionários para apresentar apenas um evento. Até porque, ballet no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nunca será simples evento.
Ana Botafogo, Cecília Kerche, há muito tempo eu queria lhes agradecer. Muito obrigada
- Ana Botafogo
- Cecília Kerche
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