Sobre Vaganova. Do livro “Os anjos de Apolo” de Jennifer Homans.
“…Antes de mais, era uma ciência e (nas palavras de um bailarino) “tecnologia” do ballet. Vaganova tinha uma mente extremamente analítica…Nas suas lições, todos os aspectos de um passo eram desmontados, examinados e depois montados de novo e descritos. A coordenação era fundamental, e Vaganova inventou um método de treino em que a cabeça, mãos, braços e olhos, todos se movimentavam em sincronia com as pernas e os pés. Não adiantava praticar passos complicados na barra com o braço pendurado e sem qualquer expressão ao lado…: sem o braço (cabeça, olhos) o passo atrasava-se. Todas as partes do corpo tinham de funcionar ao mesmo tempo e em estrita harmonia, acompanhando fluidamente a espinha dorsal. Assim, a barra de Vaganova nunca era um conjunto de escalas e exercícios isolados; era uma dança completa – não floreada ou ornamentada, mas simples e precisa…: porquê esperar para pôr todo o corpo em movimento coordenado? Vaganova ensinava os seus alunos a aperfeiçoar os passos enquanto dançavam, eliminando assim a tradicional distinção entre técnica e arte.”
“O resultado era impressionante: Vaganova afinava a coordenação física de forma que até os passos mais difíceis parecessem fáceis, graciosos e sobretudo naturais – não divorciados da vida, mas parte dela…A ideia não era “enxertar” o significado num passo: isso teria sido demasiado rude e ornamentado. Pelo contrário, e como Stanislavsky no teatro, ela pedia aos bailarinos para encontrar ligações profundas e convincentes entre o movimento e a emoção. Não havia passos neutros: todos os movimentos tinham de ser dotados de sentimento…”
dezembro 13, 2018 às 10:28 pm |
A extraordinária arte de Agripina Vaganova, um reconhecimento universal.