A ARTE NÃO MORRE.
O Theatro Municipal foi inaugurado em 14 de julho de 1909 atendendo aos anseios de uma sociedade eclética e culta, acostumada, desde a chegada da Corte portuguesa, sobretudo, às grandes temporadas líricas. Nasceu, pois, para assegurar a continuidade de uma produção artística sem a qual uma Nação não pode se considerar plenamente desenvolvida.
A arquitetura, a beleza do Municipal, impressiona até a visitantes e artistas estrangeiros, acostumados a frequentar os grandes teatros do mundo. Mas esse prédio abriga também bens imateriais que lhe conferem vida de rara intensidade e o torna o único com esse perfil no país, um dos raros da América e mesmo do mundo.
Esses bens constituem-se no acervo humano do Theatro, representados pela sua Orquestra, Coro, Corpo de Baile, técnicos especializados e administradores.
Cumpre-lhes – aos artistas e funcionários -, tendo em vista a dimensão nacional inerente a sua produção artística, de caráter universal, contribuir para o desenvolvimento sócio-cultural do povo brasileiro, conscientes de que a Arte, expressão do ser humano profundamente democrática nas suas diversas manifestações, é salvadora, transformadora e inclusiva.
A frase “O prédio é o Corpo do Theatro Municipal, os Corpos Artísticos são sua alma” define muito bem a importância dos seus bens materiais e imateriais.
Em 2007, o povo brasileiro elegeu esse teatro como uma das Sete Maravilhas do Brasil. Elegeu não apenas o prédio, até porque, um teatro sem vida intensa e própria não se justifica. O que o povo brasileiro consagrou, objeto do seu amor e do seu orgulho, foi o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, juntamente com a Arte que, no nosso país, só é produzida nele.
Lembremo-nos sempre disso, não apenas agora, aqui, mas como parte integrante de nossas vidas, e disponibilizemos uma parcela de nosso tempo, de nossa solidariedade, para dignificá-lo e para lutar por sua sobrevivência como o mais importante templo das artes eruditas do Brasil.
Eliana Caminada
Rio de Janeiro, 09/05/2017